Volume II: A Boca de Gelo

 


Capítulo Final – Fragmento Vivo

Três semanas depois, a Base Borealis fora selada sob gelo permanente, declarada colapsada por “atividade tectônica”. O protocolo de contenção havia sido ativado sem cerimônia.

Otávio não retornou à sede da Quimera.

Estava internado em um complexo clínico subterrâneo da Seção Hermes, destinado a agentes expostos a interferência psíquica de classe 5 ou superior. Segundo os relatórios, ele ainda murmurava nomes esquecidos enquanto dormia. Nomes que não apareciam em dicionários. Mas que o gelo conhecia.

Helena, por sua vez, desaparecera.

Não havia registros de voo. Nenhuma movimentação eletrônica. Seu comunicador foi encontrado desligado, enterrado sob a neve, a dois quilômetros da costa de St. Lawrence Island.

O Instituto a declarou desertora de nível especial.

Mas nem todos acreditaram nisso.

Na noite de 3 de fevereiro, uma sonda de monitoramento da costa canadense captou uma imagem. Uma mulher, vestindo traje térmico negro, caminhava sozinha sobre o gelo do Mar de Beaufort.

E atrás dela, pegadas que não eram humanas.

A imagem desapareceu em seguida, corrompida por interferência de campo.

No dia seguinte, a mesma sonda captou um sinal em baixa frequência.

Um áudio com três palavras.

Gravadas na mesma frequência registrada na Boca de Gelo.

O Fragmento Vive.


Registro confidencial | Seção Arcanum – Instituto Quimera

“Agente Helena Falken não será rastreada. O que ela carrega é parte daquilo que não pode mais ser apagado. O mar a reconhece. O gelo a abriga. Quando Amikuk voltar a vestir a memória, será por meio dela. Que os olhos da superfície permaneçam fechados.”

Assinado:
Tashi Namgyal
Diretor de Protocólos Rituais
Quimera


Fim do Volume II – A Boca de Gelo

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