Coração Serpentino nas Águas Ocultas

Em uma madrugada úmbria, quando a névoa pairava sobre as margens do Lago Mendota, um brilho esverdeado emergiu das águas profundas. Bozho, cujo nome deriva de “hello” na língua Potawatomi e possivelmente de Manabozho, a figura trapaceira algonquina, moveu-se com a cadência de uma serpente ancestral. Sua forma era inteiramente serpentina, com um pescoço longo que ondulava como uma lâmina viva e grandes olhos negros que refletiam a luz fraca do luar. Avistamentos históricos relatam que, em 27 de junho de 1883, o casal Billy Dunn, ao velejar, teve de repelir o monstro com remo e machado para salvar suas vidas. Décadas depois, em 1917, um pescador observou sua cabeça e pescoço a cem pés de distância de Picnic Point, causando correntes de pânico nas margens. Testemunhas posteriores descreveram escamas negro-esverdeadas com leves manchas claras, sugerindo uma criatura que jamais encontraria correspondência nos livros de ciência 

Na cidade sombria à beira do lago, Dr. Helena Sutter, zoóloga de renome, instalara equipamentos de monitoramento subaquático. Quando o sensor captou vibrações anômalas às 2h17, as câmeras capturaram um pescoço esguio rompendo a superfície com força titânica. Segundos depois, milhares de litros de água foram catapultados na direção de um bar flutuante, estilhaçando tábuas e lançando corpos ao lago como bonecos de pano.

O primeiro som que se seguiu foi um estalo seco — o encontro da mandíbula monstruosa de Bozho com as costelas de um desafortunado pescador . As pontas afiadas de seus dentes rasgaram a carne até expor o osso, enquanto um líquido viscoso e verde-escuro se misturava ao sangue carmesim, formando uma poça que brilhou sob a luz trêmula dos refletores . Grunhidos guturais emergiam de sua garganta, reverberando pelas paredes de concreto do píer abandonado, enquanto ele devorava membros com rapidez sobrenatural . Em poucos instantes, mechas de cabelo, fragmentos de crânio e pedaços de pele foram lançados ao redor como confetes macabros .

Dr. Sutter, empunhando um arpão modificado, tentou um disparo desesperado, mas a haste atravessou apenas a epiderme grossa de Bozho . Em retaliação, a criatura sacudiu a cabeça, lançando o arpão de volta como um dardo, que perfurou o abdômen de sua portadora . O corpo dela arqueou-se em agonia, e um grito estrangulado escancarou a brutalidade do instante . Semicerros e canos rachados vibravam ao compasso da carnificina, enquanto o lago se tornava um caldeirão de sangue e água turva .

Quando o primeiro raio de sol cortou a neblina, o monstro recuou para as profundezas, deixando um espetáculo de destruição: pedaços de carne pendiam dos dormentes de madeira, e o cheiro acre de enxofre misturado ao ferro do sangue impregnava o ar . Restava apenas uma lição aterradora: a ciência, por vezes, descobre horrores que deveriam permanecer adormecido

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