A Dança do Rosto Errado

Parte 1 – O Primeiro que Sumiu

Na pacata Rua das Acácias, ninguém prestava atenção demais nos vizinhos. Até aquela noite. Eram quase três da manhã quando a senhora Clarice, espremendo os olhos por trás da cortina, viu algo impossível no quintal da casa 43: um homem dançava sozinho sob o poste queimado.

Mas não era a dança que chamava atenção — era o rosto. Caído, torto, como se estivesse derretendo. Um lado escorria, o outro permanecia fixo, com um sorriso que não combinava com os olhos vidrados. Parecia... uma máscara mal colocada.

No dia seguinte, os vizinhos sussurravam sobre aquilo. Ninguém sabia quem morava ali, e ninguém queria descobrir — exceto Jonas, o do número 39.

Jonas atravessou a rua ao anoitecer. Chamou no portão. O som da música ecoava baixo e irregular, como se fosse uma vitrola rodando em agonia. Ele entrou.

Nunca mais foi visto.

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